“há uma escassez de profissionais que integram todo o ciclo da cadeia produtiva e um apagão tecnológico”
O tema arquitetura é amplo e detém uma intensa complexidade. Afinal, nesse contexto entram questões de diversos campos do conhecimento perpassando a estética, a plástica, a funcionalidade, as questões socioculturais, que devem estar integrados a fim de atender às necessidades do homem. Com o objetivo de melhor compreender essa temática, recorremos a um profissional com experiência na área, o arquiteto Bráulio Renato Fernandes Pitanga, graduado pela Universidade Federal da Bahia e atuante na região de Santo de Antônio de Jesus, no estado da Bahia.
Segundo Bráulio, o atual panorama da arquitetura nacional demonstra um mercado aquecido e que investe maciçamente na construção civil e paralelo a isso, há “uma escassez de profissionais que integram todo o ciclo da cadeia produtiva”, e um “apagão tecnológico”. Embora o entrevistado tenha citado, faz-se necessário frisar que, acima do fator quantitativo, há o qualitativo. A quantidade de escolas de arquitetura cresce continuamente, passando de cento e trinta na última contagem, despejando no mercado uma quantidade de profissionais que não poderá ser absorvida. O resultado é a banalização e menosprezo da profissão, aliada à baixa remuneração e a inconsistência de critérios e escrúpulos.
Outra questão refere-se ao que contribui ou atrapalha o bom desempenho do arquiteto. Nesse sentido, segundo Bráulio, “um mercado aquecido e disposto a investir é fundamental para que se recorra à ação arquitetônica”. Entende-se ação arquitetônica em um sentido amplo que envolve todo o ato de projetar, das habitações populares requisitadas pelo governo às construções de grandes edificações empresariais. Por outro lado, “a existência de “profissionais” não habilitados”, acarreta “uma concorrência desleal já que os mesmos impõem um preço muito abaixo ao do mercado e vem atender a uma clientela inconsciente”, apresentando-se assim como o fator que mais embaraça a área de acordo com o entrevistado. Ademais, cabe acrescentar a relevância de um cliente qualificado, qualidade essa que não se restringe apenas a ampla disposição de recursos para investimento e sim, num fator crítico que saiba exigir e considerar uma boa arquitetura.
Entender a arquitetura, sua função e relevância, é fundamental por se tratar de uma área do conhecimento que estuda e compõe o ambiente que nos cerca, o qual recebe e ao mesmo tempo repassa uma grande influência na concepção do homem. Dessa forma, o atual fomento por profissionais da área mostra-se aquecido em reflexo ao bom estado da economia, embora haja uma carência por mão de obra qualificada. Outra importante consideração é a existência de indivíduos não graduados atuantes no mercado que geram bagunça e projetos que contribuem para o desvalorização da profissão. Assim, devemos aproveitar o bom momento econômico para incrementar a qualificação dos arquitetos, revelando a sua responsabilidade e importância na construção e organização da realidade.